Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “radiografia da imaturidade – III”
Terceira manifestação: viver dos impulsos
A terceira manifestação da imaturidade é viver dos impulsos, das sensações. Um homem maduro aprendeu a controlar seus impulsos para cumprir o dever que a vida, o trabalho, o relacionamento, a sociedade lhe impõem. Faz lembrar aquela bela frase de Fernando Pessoa: “Meu dever fez-me. O desejo de ser rei almou meu ser”.
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As crianças e os adolescentes, como vimos, têm como característica comum o fato de se orientarem pelo que é mais atrativo e gostoso, mais chamativo e cativante: as cores, as músicas, as imagens, os prazeres, as diversões… Ainda não superaram o primitivo universo das sensações. Há uma imagem que sempre me vem à cabeça e que representa muito bem essa atitude impulsiva: a de uma criança correndo atrás de uma borboleta. O ritmo da sua vida é o ritmo da borboleta.
Na pessoa imatura, contam demasiado os impulsos superficiais e intermitentes das paixões ou instintos. Sente-se movida pelos chamarizes mais fortes e coloridos. Influem marcadamente nela as circunstâncias ambientais como o calor e o frio ou os estados de ânimo. Entusiasma-se ou cai na depressão em decorrência do êxito ou do fracasso, da estima recebida ou do descaso… O seu comportamento não se pauta pelas decisões interiores, mas pelas borboleteantes circunstâncias exteriores.
As pessoas imaturas são, portanto, excessivamente emocionais, impressionáveis, como um barômetro sensível: instáveis e descontínuas. Podem ser representadas muito adequadamente por uma senoide: caminham em zigue-zague, vivem de altos e baixos. Estão submetidas à tirania do gosto e do capricho e orientam-se na direção do vento que sopra mais forte, como um cata-vento, uma biruta.
Um comportamento maduro exige ter um ideal, uma missão, e segui-los à custa de todos os esforços e sacrifícios necessários, superando os impulsos passageiros, os estados de ânimo, o comodismo, a preguiça e a má vontade.
Lembro-me de uma moça que, durante um retiro, fez esta descoberta: “Esta é a razão de ser da minha vida: cumprir a missão que Deus escolheu para mim”. E foi tão a fundo nessa convicção – aparentemente tão quimérica – que por ela pautou daí em diante a sua vida toda. Se antes eram conhecidas sua imaturidade e instabilidade emocional, agora chama atenção pela serenidade com que enfrenta pequenos e grandes reveses da vida. Na família, todos gostam de acudir a ela para pedir conselho, e a própria mãe já me comentou: “A Márcia tem sido para todos nós um exemplo e um guia”.
Falando de missão, de ideal, Nietzsche escrevia: “Quem dispõe de um porquê é capaz de suportar qualquer como”. Diria que esse pensamento, que explica tão a fundo a realidade do comportamento humano, é válido especialmente quando se tem consciência de que o porquê coincide com o sentido da nossa vida, ou seja, com o desígnio de Deus sobre cada um de nós, com a nossa missão. Então se sabe suportar qualquer como, qualquer circunstância da vida, mesmo que seja a monotonia dos dias iguais, a carga excessiva de trabalho, as contrariedades e todos os tipos de dores (Rafael Llano Cifuentes, Maturidade).
Uma semana abençoada a todos!
Padre Paulo