Catequese sobre os mandamentos – VI: considerações sobre o terceiro mandamento – I

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “considerações sobre o terceiro mandamento”.
 
Continuemos a catequese sobre os mandamentos do Papa Francisco:
 
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A viagem através do Decálogo leva-nos hoje ao mandamento sobre o dia do repouso. Parece um mandamento fácil de cumprir, mas é uma impressão errada. Descansar verdadeiramente não é simples, porque há o repouso falso e o repouso autêntico. Como podemos reconhecê-los?
 
A sociedade atual é sedenta de diversões e férias. A indústria da distração é deveras florescente e a publicidade desenha o mundo ideal como um grande parque de diversões, onde todos se distraem. O conceito de vida hoje predominante não tem o baricentro na atividade e no empenho, mas na evasão. Ganha-se para se divertir, para se satisfazer. A imagem-modelo é aquela de uma pessoa de sucesso, que pode permitir-se amplos e diferentes espaços de prazer. Mas essa mentalidade faz escorregar na insatisfação de uma existência anestesiada pela diversão, que não é repouso, mas alienação e fuga da realidade. O homem nunca descansou tanto como hoje e, no entanto, jamais experimentou tanto vazio como hoje! A possibilidade de se divertir, de sair, de fazer cruzeiros, viagens não nos proporciona a plenitude do coração. Mais ainda: não nos dá o repouso!
 
As palavras do Decálogo procuram e encontram o cerne do problema, lançando uma luz diferente sobre o que é o descanso. O mandamento tem um elemento peculiar: oferece uma motivação. O repouso em nome do Senhor tem um motivo específico: “Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que eles contêm, e repousou no sétimo dia; e, por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou” (Êx 20, 11).
 
Isso remete para o fim da criação: “Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31). E então começa o dia do repouso, que é a alegria de Deus por aquilo que criou. É um dia de contemplação e de bênção!
 
Portanto, no que consiste o repouso, segundo esse mandamento? No momento da contemplação, no momento do louvor (sobretudo na Missa), não da evasão. Trata-se do tempo para olhar a realidade e dizer: como é bonita a vida! Ao descanso como fuga da realidade, o Decálogo propõe o repouso como bênção da realidade. Para nós, cristãos, o centro do dia do Senhor, o domingo, é a Eucaristia (a Missa), que significa “ação de graças”. É o dia para dizer a Deus (sobretudo na Missa): Senhor, obrigado pela vida, pela sua misericórdia, por todos os teus dons. O domingo não é o dia para anular os outros dias, mas para os recordar, bendizer e fazer as pazes com a vida. Quantas pessoas têm muitas possibilidades de se divertir, e não estão em paz com a vida! O domingo é o dia para fazer as pazes com a vida, dizendo: a vida é preciosa; não é fácil, às vezes é dolorosa, mas é preciosa.
 
(…) (Falando em paz) o homem tem necessidade de fazer as pazes com aquilo de que costuma fugir. É preciso reconciliar-se com a própria história, com os fatos que não se aceitam, com as partes difíceis da própria existência. Pergunto-vos: cada um de vós já se reconciliou com a própria história? A verdadeira paz não consiste em mudar a própria história, mas em aceitá-la e valorizá-la tal como é!
 
Quantas vezes encontramos cristãos doentes que nos consolaram com uma serenidade que não se encontra nos foliões, nem junto aos hedonistas! Quantas vezes vemos pessoas humildes e pobres regozijarem-se com pequenas graças, com uma felicidade com sabor de eternidade!
 
(…) Quando se torna bela a vida? Quando se começa a pensar bem dela, seja qual for a nossa história. “Que tudo seja graça”, como nos recorda Santa Teresa do Menino Jesus. Esse santo pensamento destrói o muro da insatisfação, inaugurando o repouso autêntico. A vida torna-se bela quando se abre o coração à Providência e se descobre que é verdade aquilo que reza o Salmo: “Só em Deus repousa a minha alma” (62, 2). Como é bonita essa frase do Salmo!
 
Uma santa semana a todos!!!
 
Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.